Por Lilian Lima Mendes e Marilurdes Carvalho Nascimento

O Grupo Negro Palmares Renascendo _GNPR, neste mês de novembro vem celebrar junto com a sociedade bacabalense, o mês de reflexão sobre a consciência negra. Nestes mais de 39 anos de luta e resistência, buscamos junto a CONAQ (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas), uma parceria, que deverá contribuir para o fortalecimento das ações contra o racismo institucional que a todo dia nos exclui e nos impossibilita do acesso livre a nossos direitos conquistados ao longo de nossa história de luta.

O racismo estrutural e de recreação (bullying), que se encontra na sociedade bacabalense, afetando de forma negativa nossas perspectivas de crescimento social, cultural, político e religioso, que impossibilitam ascendermos com equidade e igualdade. O GNPR é palco de várias manifestações políticas, culturais, seminários formativos a população negra e não negra, bem como, sua identidade de povo negro, historicamente massacrado pelas ideologias, racistas e preconceituosas.

Durante estes 39 anos de vida, contribuímos para o processo de luta, liberdade e expressão da comunidade negra de Bacabal, como também das comunidades negras rurais do nosso município, de suas manifestações culturais, religiosas e educacionais.

Com a comemoração dos 100 anos da falsa abolição do povo negro, nós militantes do MN em Bacabal, tivemos a frente das lutas e manifestações que ocorreram dentro e fora do nosso estado, construindo ideologias positivas e de alerta para o nosso povo negro. Desbravamos junto com o PVN (Projeto Vida de Negro), SMDDH (Sociedade Maranhense em Defesa dos Direitos Humanos) e o CCN (Centro de Cultura Negra/MA) comunidade quilombolas na região do Médio Mearim.

O GNPR ajudou a fundar vários movimentos negros aos redores, bem como, nos municípios de São Luís Gonzaga, Lago da Pedra, Pedreiras. Durante algum tempo, demos suporte para os movimentos negros das igrejas católicas do Brasil, sendo peça de uma ação estruturante de construção de uma identidade negra cristã. (Por Marilurdes Carvalho Nascimento – Coord. do GNPR).

Compreender todas as entidades de qualquer natureza e todas as ações, de qualquer tipo [ ai     compreendidas mesmo aquelas que visam à autodefesa física e cultural do negro], fundadas e promovidas por pretos e negros (...). Entidades religiosas [como terreiros de candomblé, por exemplo], assistências [como as confrarias coloniais], recreativas [ como "clube de negros"], artísticas [como os inúmeros grupos de dança, capoeira, teatro, poesia], culturais[como os diversos "centros de pesquisas"] e políticas [como Movimento Negro Unificado]; e ações de mobilização política, de protesto antiinflamatórios, de aquilombamento, de rebeldia armada, de movimento artísticos, literários e "folclóricos" toda essa complexa dinâmica, ostensiva e encoberta, extemporânea ou cotidiana, constitui movimento negro.  (Santos, Joel Rufino dos – Historiador)

Foram mais de 300 anos de escravidão. Nós somos os responsáveis pelo desenvolvimento desse país. Nós somos os responsáveis pelo desenvolvimento dessa nação. As nossas afros-vivencias, nossas afro-experiências formam nossas ações na contação e de escrevivências das nossas histórias. A Lei 10.639/2003, promulgada em 09 de janeiro, que tem como objetivo a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-brasileira nos Currículos, podíamos passar por toda vida escolar a conhecer nada sobre nosso líder negro Zumbi dos Palmares e sua luta por liberdade.

Muito embora o nome dele desde 1997, tenha sido escrito no Panteão da Pátria de liberdade, Tancredo Neves  no Livro de Ações dos Heróis, como herói nacional. Portanto, celebrar o 20 de novembro e a simbólica figura de Zumbi, representa comemorar a luta empreendida por negros e negras que aqui chegaram escravizados, pelo direito ao reconhecimento e valorização de suas culturas, na formação da sociedade brasileira.

Essas conquistas foram resultadas de lutas políticas, que custaram vidas de homens negros e de mulheres negras. Os passos que os movimentos deram, permitiram que nossos corpos ocupassem espaços institucionais ou não para reivindicar nossos direitos à vida no sentido de existir, políticas públicas e desse modo fazendo com que nossas vozes deixassem de ser terceirizadas e pudéssemos ocupar nossa sociedade com projeto do movimento negro, que não é só para população negra.

As mobilizações crescentes do movimento negro e de outros movimentos sociais foram cruciais para conquista de direitos na constituição de 1988, e possibilitou no desenvolvimento de   ações com materialidade, de concretudes e que impactam de fato na vida da população negra. E sim, reafirmando que o que temos a celebrar no dia 20 de novembro é a luta antiracista do movimento negro que mudou o ordenamento desse país e o GNPR em parceria com CONAQ se orgulham de participar desse Aquilombamento. Axé! (Lilian Lima Mendes – Militante do GNPR, Pedagoga, Coordenadora do Coletivo de Educação Escolar Quilombola CONAQ). Texto para mês de novembro das ações do GNPR e CONAQ em Bacabal.

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Lilian Lima Mendes - Pedagoga, Formação  licenciatura plena em pedagogia-UVA Universidade do Vale do Acaraú-CE, Integrante do Grupo Negro Palmares Renascendo-GNPR,-Coordenadora do Coletivo de Educação Escolar Quilombola- CONAQ- Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas- CONAQ- MA.

Marilurdes Carvalho Nascimento - Professora, formada em Letras, Português e respectivas literaturas brasileira e portuguesa na instituição _UEMA/CESB; Especialista em Língua portuguesa (Faculdade Ateneu_CE); Coordenadora provisória do Grupo Negro Palmares Renascendo _GNPR; Professora no Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão _IEMA e na UEF. FREI Solano _SEMED Bacabal.