José de Ribamar Viana
![](https://www.louremar.com/arquivos/usuarios/b40a9bc5d479cb43232dee5b8246bd9a.jpg)
Bobo não, mas esperteza demais atrapalha
![Bobo não, mas esperteza demais atrapalha](https://www.louremar.com/arquivos/colunistas-materias/110/b33d0870fe047887d60124250acc0059.png)
Ser presidente dos Estados Unidos, maior potência bélica, tecnológica e econômica do mundo, uma vez é bom, duas vezes é melhor ainda. Deus e o mundo todo sabem disso. Ninguém chega à presidência dos Estados Unidos sem reunir as qualidades que o cargo exige. Donald Trump de bobo não tem nada. Porém, valendo-me do que disse Riobaldo, uma personagem do livro "Grande Sertão: Veredas", de Guimarães Rosa: “Eu quase não sei de nada, mas desconfio de muita coisa”. Pois é, em relação ao rol de medidas anunciadas nos primeiros dias do mandato do atual presidente Trump, algumas são pra lá de heterodoxas. Para dizer o mínimo.
Anexação da Groenlândia e do Canadá, mudança do nome do Golfo do México, além da taxação de produtos de alguns países, etc. Tais medidas, caso venham a ser levadas a efeito, podem criar um mal-estar diplomático com alguns países. No dito popular: “O mal do sabido é pensar que todas as demais pessoas são bobas.” E, diante desse pensamento de Trump, a China, isoladamente ou via BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), onde a mesma também exerce um papel de relevo na atual geopolítica mundial, não tenha dúvidas de que irá envidar esforços no sentido de estabelecer novas ou intensificar relações comerciais existentes com todos os países que estejam, de algum modo, sendo retaliados pelos EUA. Ou seja, Trump, no afã de fortalecer o seu país, como no slogan "Make America Great Again" (Torne a América Grande Novamente), abreviado como MAGA, poderá estar acelerando o protagonismo da China no mundo.
A China, por seu turno, sem usar desses expedientes retóricos, vem, nas últimas décadas, assumindo no cenário mundial um protagonismo invejável, sendo atualmente a segunda maior economia do mundo e com alto nível tecnológico, inclusive no tocante à inteligência artificial.
Dessa forma, enquanto os Estados Unidos “estão se isolando”, inclusive se retirando do Acordo de Paris (tratado internacional sobre mudanças climáticas), bem como de uma entidade multilateral importante, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a China tenta aglutinar. Dizem que: “quanto mais você derrama, mais difícil fica para você juntar depois”.
Frisa-se que não se trata de saber se esse ou aquele país é mais ou menos democrático que o outro; esse não é o enfoque no momento. A questão é saber quem pode ou não ocupar mais espaço na geopolítica na atual conjuntura, onde, diante de algumas ameaças, tais como as questões de natureza climática (secas, enchentes etc.) e energéticas, onde o consumo dos combustíveis fósseis, além de causar o seu exaurimento natural, passa a ser um problema ambiental. Temos a transição para a energia renovável, cujas necessidades demandam, em escala mundial, uma quantidade imensa de recursos e ações coordenadas e compartilhadas dos países, pois “somos fortes quando somos um”.
___________________
José de Ribamar Viana é Advogado.
COMENTÁRIOS