Rogério Alves

Lula e a fome: o povo precisa de solução. Não de conselhos

A fome não espera e não aceita discursos vazios. A simples sensação de que o prato pode ficar vazio no próximo mês é um tormento para milhões de brasileiros. O presidente Lula, que já foi o grande símbolo da luta contra a fome, cometeu um erro grave ao sugerir que o povo simplesmente deixasse de comprar comida quando os preços estivessem altos. A frase caiu mal porque revela um distanciamento da realidade: quem sente fome não tem opção de esperar os preços baixarem.
Agora, o governo corre atrás do prejuízo e tenta elaborar um plano para baratear os alimentos. Medidas como incentivo à produção, redução de impostos e controle da cadeia de distribuição podem ser úteis, mas precisam sair do papel rapidamente. A inflação dos alimentos não é apenas um problema econômico, é uma questão social grave que afeta a dignidade das famílias mais pobres.
O que Lula e sua equipe precisam entender é que, hoje, a comunicação com o povo não acontece mais pelos meios tradicionais. A televisão e os discursos formais perderam espaço para as redes sociais, onde as pessoas expressam sua insatisfação de forma direta e imediata. A nova política exige um novo tipo de comunicação: clara, objetiva e sem embromação. O povo não quer ouvir "economês" nem frases de efeito; quer saber como e quando os preços vão cair.
O desafio de Lula não é apenas baixar o preço da comida, mas também falar a língua do povo, sem promessas vazias. As redes sociais já mostraram sua força nas eleições e nas crises políticas. Ignorar essa realidade pode custar caro a qualquer governante. Afinal, quem não sabe se comunicar com o povo corre o risco de perder o povo.
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Rogério Alves é Advogado.
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