Rogério Alves

Educação Sanitária. Nada ou quase nada mudou

Cincoanos após a primeira morte por Covid-19 no Brasil, o país ainda demonstra poucaevolução na conscientização sobre saúde pública. A pandemia escancarou a fragilidadede nosso sistema sanitário e a falta de uma cultura de prevenção. No entanto,mesmo após a perda de mais de 700 mil vidas, seguimos cometendo os mesmoserros.
Obrasileiro ainda negligencia cuidados básicos quando está doente, circulandolivremente em ambientes públicos, sem máscara ou qualquer outra forma deproteção, espalhando vírus indiscriminadamente. Festas, reuniões e encontrossociais continuam acontecendo sem preocupação com sintomas gripais. No ambientede trabalho, funcionários doentes são pressionados a comparecer, mesmo sobrisco de contaminar colegas. Empresas e comércios, por sua vez, não adotammedidas eficazes para proteger clientes e funcionários, tratando a saúde públicacomo um problema secundário.
Essairresponsabilidade coletiva não é apenas uma questão de consciência individual;é uma falha estrutural que exige intervenção estatal. Sem uma política públicarigorosa de educação sanitária, o Brasil continuará vulnerável a novaspandemias e surtos de doenças evitáveis. É essencial que o governo federal,estados e municípios assumam uma postura mais ativa na regulamentação e fiscalizaçãode práticas sanitárias.
Campanhaseducativas precisam ser permanentes e massivas, desde as escolas até os locaisde trabalho, reforçando a importância de medidas como o uso de máscaras emcasos de sintomas respiratórios, a higienização correta das mãos e o respeitoao afastamento quando necessário. Mas a educação por si só não basta. É precisoendurecer as regras e aplicar punições severas para quem coloca a coletividadeem risco.
Multaspara estabelecimentos que não garantirem condições adequadas de higiene eafastamento de funcionários doentes devem ser aplicadas sem hesitação.Indivíduos que insistirem em frequentar locais públicos enquanto apresentamsintomas de infecções contagiosas devem ser responsabilizados, seja comadvertências formais ou sanções financeiras.
A saúdepública não pode mais ser tratada como uma escolha pessoal. A pandemia deCovid-19 nos deixou um legado de dor, mas também nos deu a chance de evoluircomo sociedade. Ignorar essa lição é condenar o Brasil a um ciclo interminávelde crises sanitárias. É hora de transformar consciência em obrigação e garantirque o direito coletivo à saúde prevaleça sobre a negligência individual.
___________________
Rogério Alves é Advogado.
COMENTÁRIOS