De fato, dentre outras inúmeras qualidades, a malemolência também faz do povo brasileiro um ser sensacional. Os mais espirituosos dizem que, se o povo brasileiro não existisse, teria que ser inventado. Senão vejamos: O Brasil, embora seja constitucionalmente um país laico, tem a religião católica como predominante; não por outra razão, temos vários dias santos, os quais são datas comemorativas importantes para os cristãos católicos. Para citar alguns: Santo Antônio, São Pedro, Santa Teresinha e tantos outros. Além disso, para não correr o risco de esquecer nenhum deles, temos ainda o Dia de Todos os Santos.

Como vimos, até aí tudo bem para os que professam o catolicismo. Até porque todos os santos estão contemplados. E se esse fosse o único critério para ir ao céu, todo esse contingente católico estaria no paraíso.

A situação começa a ficar estranha quando, para alguns, com esse recorte católico, o 15 de julho, data considerada como Dia do Homem, cuja “celebração” foi concebida com o objetivo de promover a saúde dos homens, a igualdade entre os gêneros, além de ressaltar as contribuições do homem junto à família e à sociedade. O curioso é que alguns querem que esse dia seja considerado também o Dia de Todos os Santos. Aí é demais. Há controvérsia.

Como se não bastasse, ainda temos o dia 1º de abril, que folcloricamente é considerado como o Dia da Mentira, o qual encerra em si mesmo uma grande mentira, porque alguns, “alguns”, para dar uma aparência de “santo”, preferem não mentir no “dia destinado para tal fim” e mentir todos os dias, o dia todo, nos demais dias do ano. Ou seja, seguindo à risca o que diz Roberto Carlos, na letra da música "Traumas", de 1971, que diz: “Às vezes as mentiras também ajudam a viver”:

Meu pai um dia me falou

Pra que eu nunca mentisse

Mas ele também se esqueceu

De me dizer a verdade

Da realidade do mundo

Que eu ia saber

Dos traumas que a gente só sente

Depois de crescer...

... Agora eu sei o que meu pai

Queria me esconder  

Às vezes as mentiras

Também ajudam a viver

Talvez um dia, para meu filho,

Eu também tenha que mentir

Pra enfeitar os caminhos

Que ele um dia vai seguir...

É por essas e por outras que vale o que disse certa vez Sócrates:

“É inútil tentar fazer um homem abandonar pelo raciocínio coisa que não adquiriu pela razão.”

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José de Ribamar Viana é Advogado.