Tive o prazer de assistir ao filme "Ainda Estou Aqui" no cinema e sentir a alegria de estar presenciando uma obra-prima do nosso cinema brasileiro. Certamente, a emoção não foi apenas pela chamada sétima arte, já que não sou nenhum crítico de cinema, mas principalmente pela vivência de uma época que eu só tinha visto nos livros de ecola.

A trama do filme nos transporta para os tempos sombrios da ditadura militar no Brasil, um período que marcou gerações com seu autoritarismo, censura e, acima de tudo, crueldade. Famílias inteiras foram destruídas, vidas ceifadas ou marcadas por torturas físicas e psicológicas que deixaram cicatrizes profundas. Assistir ao retrato humano e doloroso dessa época é, ao mesmo tempo, um exercício de memória e uma forma de homenagear aqueles que resistiram, sonharam e lutaram por um país mais justo e livre.

O reconhecimento internacional do filme, coroado com o Globo de Ouro de Melhor Atriz para Fernanda Torres, reforça ainda mais a importância de obras que tratam desse tema. O prêmio não é apenas um tributo ao talento da atriz, mas também à relevância de revisitar o passado e refletir sobre ele. Para além da arte, filmes como este são um grito de alerta para que nunca permitamos que tamanhas atrocidades se repitam.

Vivemos um momento em que é essencial valorizar a memória histórica e o cinema nacional, que, como "Ainda Estou Aqui", é capaz de transcender as telas e tocar profundamente nossas consciências. Que essa obra inspire mais produções que resgatem a verdade e deem voz aos que, um dia, foram silenciados.

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Rogério Alves é Advogado.