Rogério Alves
Enchentes: tragédias anunciadas que exigem planejamento e ação
Os recentes acontecimentos em Ipatinga (MG), onde um temporal deixou, até o momento, 10 mortos e 150 desalojados, refletem mais uma vez a vulnerabilidade do Brasil diante de desastres naturais. Não se trata apenas de fenômenos meteorológicos extremos, mas de um ciclo de tragédias anunciadas que expõem o descaso com o planejamento urbano, a gestão ambiental e a proteção social.
Ipatinga não é um caso isolado. Recentemente, o Rio Grande do Sul também sofreu com enchentes devastadoras. E não é preciso ser vidente para prever o próximo capítulo dessa triste história: a nova cheia do Rio Mearim, em Bacabal-MA.
Planejamento Preventivo: Uma Necessidade Urgente
A previsão de enchentes não deveria surpreender ninguém. Todos os anos, as cheias do Rio Mearim impactam centenas de famílias, que perdem suas casas e bens. As cenas de barracões improvisados, filas para cestas básicas e a exploração política da miséria se repetem, como um roteiro que ninguém ousa mudar.
É preciso romper com essa lógica de improvisação e adotar medidas preventivas que minimizem os impactos das enchentes:
1. Aluguéis Sociais: A administração municipal pode, desde já, planejar programas de aluguel social para garantir que as famílias desabrigadas tenham moradia digna e segura.
2. Assistência Social Preparada: Licitações para a compra de cestas básicas e kits de higiene devem ser realizadas de forma antecipada, evitando a exploração política e garantindo uma resposta rápida e eficiente às vítimas.
3. Infraestrutura e Comunicação: Reforçar as estruturas de contenção, desobstruir galerias e criar canais de comunicação para alertar a população em tempo hábil são medidas simples, mas essenciais.
Foto:Gil Leonardi/Imprensa MG
Solidariedade e Responsabilidade
A solidariedade do povo brasileiro sempre se manifesta em momentos de tragédia, mas isso não exime os gestores públicos de sua responsabilidade. A prefeitura de Bacabal tem a oportunidade de agir com antecedência, evitando que a próxima enchente se transforme em mais um capítulo de sofrimento e descaso.
Não podemos controlar a força da natureza, mas podemos, sim, prever suas consequências e agir para reduzir seus danos. O planejamento preventivo não é um luxo, mas uma obrigação moral e administrativa que salva vidas e preserva a dignidade humana.
Que Ipatinga sirva de alerta e Bacabal de exemplo. O futuro depende das decisões que tomamos hoje.
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Rogério Alves é Advogado.
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