Procurador diz: "cabeça de juiz, dianteira de padre e traseira de burro não são confiáveis"
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A afirmação é do Procurador-Geral de Justiça do Maranhão, Danilo José de Castro Ferreira, feita em uma sessão do Colégio de Procuradores.
"É aquela velha história: depois que você vai para o Conselho Nacional, aí você perdeu o controle da coisa. Porque o relator conselheiro é como se fosse um juiz. Cabeça de juiz, dianteira de padre e traseira de burro não são confiáveis.."
O debate era sobre a aprovação de uma resolução que tramita no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). A reunião foi gravada em vídeo, como não poderia ser diferente, está gerando grande repercussão.
A AMMA - Associação dos Magistrados do Maranhão, que congrega 427 associados, divulgou a seguinte nota:
Nota de desagravo público
A Associação dos Magistrados do Maranhão (AMMA), que congrega 427 associadas e associados, vem a público repudiar veementemente as declarações do procurador-geral de justiça do Maranhão, Danilo José de Castro Ferreira, proferidas durante a 1ª sessão extraordinária do Colégio de Procuradores de Justiça, realizada na segunda-feira, 27 de janeiro. Em sua fala, ao comentar sobre uma representação ao Conselho Nacional do Ministério Público, o procurador-geral realizou comparações negativas quanto à confiabilidade da interpretação dos juízes, de forma generalizada.
Qual propósito há em tecer tal esdrúxula referência negativa à independência e ao livre convencimento motivado da magistratura, elementos essenciais ao pleno exercício da atividade judicante? Comentários públicos genéricos, impróprios e desabonadores às interpretações proferidas no âmbito da atuação jurisdicional são incompatíveis com a liturgia e a honorabilidade intrínsecas às instituições do Sistema de Justiça. Além disso, tais declarações reproduzem um viés implícito discriminatório, que não pode mais ser tolerado em uma sociedade cidadã e civilizada, especialmente quando emanadas de um representante do Ministério Público Estadual.
Dessa forma, a Associação dos Magistrados do Maranhão reitera sua total confiança na atuação dos membros do Poder Judiciário do Maranhão, afirmando de forma inequívoca que as Juízas e os Juízes de nosso Estado cumprem diariamente, com excelência, seus deveres funcionais. Exercem a jurisdição em todas as comarcas do Maranhão e no Tribunal de Justiça em plena consonância com as diretrizes legais e constitucionais, honrando as togas que envergam, contando com a total confiança da sociedade maranhense e, acima de tudo, contribuindo para a defesa e o fortalecimento dos alicerces do Estado Democrático de Direito.
Marco Adriano Ramos Fonsêca - Presidente
Procurador-Geral pediu desculpas
O Procurador-Geral publicou a seguinte nota:
Nota de esclarecimento
O Procurador-Geral de Justiça do Ministério Público do Estado do Maranhão vem a público esclarecer que desde sempre reconhece a importância republicana e a estatura constitucional da Magistratura brasileira e o valor dos Magistrados brasileiros, por isso, sempre cultivou um relacionamento interinstitucional entre o Ministério Público e a Magistratura no mais elevado nível, razão pela qual afirma serenamente que jamais pretendeu causar qualquer atrito entre as respeitadas instituições republicanas.
E para afastar qualquer espécie de mal-estar, pede escusas para o caso de involuntariamente ter passado qualquer impressão negativa, pois, na verdade, quis expressar apenas que os Juízes são independentes e imparciais e que suas decisões, naturalmente, com base nesses princípios, são imprevisíveis, como de fato devem ser.
Danilo José de Castro Ferreira
Procurador-geral de Justiça
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